O que Tim Cook disse na semana passada foi: “Quando eu vou à sala e ligo a TV, sinto como se tivesse voltado 20 ou 30 anos no tempo. É uma área de intenso interesse. Não posso dizer mais do que isso.”
Apple precisa criar estratégias para chamar a atenção de consumidores para sua TV (Foto: Reprodução)
Eu acredito que ainda vai demorar algum tempo para que vejamos um
produto que vá suceder a relativamente popular, mas limitada, Apple TV
(que aqui em casa já bate um bolão) e tente realmente fazer avançar em
duas ou três décadas a experiência de assistir televisão – por exemplo,
podendo escolher o horário para começar a ver qualquer programa, e tendo
interação eficaz com a programação e com quem mais estiver assistindo,
sem precisar recorrer a um serviço externo (como as redes sociais) para
isso.E a minha razão para acreditar que ainda falta algum tempo se baseia no problema fundamental expresso quando Steve Jobs falou no assunto em 2010: não é a tecnologia ou o conteúdo, mas o mercado. A questão é como convencer a fatia expressiva do público-alvo que já tem TV e um sintonizador/decodificador subsidiado pela operadora de cabo a comprar mais alguma coisa (possivelmente a preço considerável).
A questão é como convencer a fatia expressiva do público-alvo que já
tem TV e um sintonizador/decodificador subsidiado pela operadora de cabo
a comprar mais alguma coisa"
Augusto Campos
Quando analisou o assunto recentemente, o The Verge notou que da entrevista de 2010 pra cá bastante coisa mudou: grandes fatias do público já estão comprando aparelhos adicionais para plugar e prover programação para suas TVs cada vez mais inteligentes (quantas caixinhas com leds piscando estão conectadas à sua?), e as operadoras de TV a cabo estão se encarregando de transmitir cada vez mais programação por um padrão comum: o IP, pela própria Internet nossa de cada dia, frequentemente provida pela mesma empresa.
Com o avanço, quando este aspecto for superado, restará à Apple o dilema: trabalhar com as operadoras hoje existentes, ou ir buscar o conteúdo diretamente nas produtoras. No caso da telefonia, a Apple preferiu tratar com as operadoras, afinal a alternativa seria ela mesma operar telecomunicações (assumindo o custo de fazer tudo do seu jeito).
No caso da TV, as opções são similares: se ela for buscar a programação diretamente de quem a produz vai virar uma operadora, assumindo custos e riscos bem fora da sua área de negócio. Se lidar com as já existentes, terá que ceder parte do controle sobre a distribuição do conteúdo (mas elas terão que ceder muito mais).
Nada inédito: o lançamento da loja de música do iTunes teve dificuldades similares, até conseguir convencer as maiores gravadoras a permitir e aderir ao modelo. Mas, naquela época, a Apple tinha Steve Jobs para ir lá e negociar. Desta vez, veremos se seus sucessores estão à altura!
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