Desde meados do século 20, os geólogos têm realizado furos cada vez mais profundos na crosta terrestre, tanto na terra quanto nas profundezas do oceano.
Embora os estudos de sismologia e geologia venham se aprimorando, nada pode substituir uma observação direta das partes mais íntimas do nosso planeta.
Contudo, os pesquisadores ainda não conseguiram chegar nem perto do manto.
Talvez eles consigam agora, conforme entra em ação um plano ousado cujo objetivo é alcançar o interior viscoso do nosso planeta.
Veja abaixo como tem sido esta saga em busca da observação das profundezas da Terra.
Primeira tentativa: Projeto Mohole, Baja California
[Imagem: Fritz Goro/Time Life Pictures]
Eles chamaram a ideia de Projeto Mohole.
A perfuração começou na costa da Califórnia, mas o projeto foi cancelado por um ainda jovem Donald Rumsfeld, depois de atingir apenas 183 metros da superfície.
Mais profundo em terra: Kola Superdeep Poços, Rússia
[Imagem: Andre Belozeroff]
O mais profundo poço do mundo em terra alcançou 12.262 metros da superfície, em uma região remota do noroeste da Rússia.
Ainda assim, isto é apenas cerca de um terço do caminho até o manto, porque a crosta continental tem dezenas de quilômetros de espessura.
Maior furo: Sakhalin-I, Rússia
[Imagem: Business Wire]
Tudo certo, só que o poço não foi perfurado verticalmente, ou para baixo.
O objetivo era a extrair petróleo mais perto da superfície, e não alcançar o manto.
Mais próximo do manto: Buraco 1256D, Costa Rica
[Imagem: Benoît Ildefonse, CNRS-Université Montpellier II & IODP]
Ele atinge 1.507 metros abaixo do fundo do oceano.
É o mais próximo do manto porque estima-se que a espessura da crosta terrestre neste ponto esteja entre 5 e 5,5 km, uma das mais finas de toda a Terra.
Apesar disso, ele não é o buraco mais profundo na crosta oceânica.
Esse título vai para outro buraco, chamado 504B, no leste do Pacífico, que alcança 2.111 metros abaixo do fundo do mar.
Ele está mais longe do manto porque, nesse ponto, a crosta é mais grossa.
A caminho do manto: Projeto Mohole
Está tudo pronto a bordo do navio japonês Chikyu para começar a perfuração. [Imagem: JASTEC/CDEX]
Uma broca a bordo do navio japonês Chikyu irá penetrar na crosta em um de três locais possíveis: Baja Califórnia, no Havaí ou na costa da América Central.
O projeto foi batizado de Mohole, em homenagem à ideia inicial, nascida da coragem de um grupo de amigos na mesa de um bar.
Quem sabe, desta vez, não surja outro burocrata para desligar a broca a meio caminho.
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