Desde o começo
Além de laboratórios que produzem pesquisas na fronteira da ciência, a
Universidade de São Paulo (USP) ganhará 29 laboratórios voltados para
aulas práticas inovadoras em cursos de graduação.
O objetivo é fortalecer e valorizar o ensino de graduação na
universidade, nas mais variadas áreas do conhecimento, apoiando projetos
de instalação de laboratórios destinados a aulas práticas.
De acordo com a pró-reitora de Graduação da USP, Telma Zorn, o
programa tem características inéditas e poderá servir como modelo para
iniciativas semelhantes em outras instituições.
"Com frequência há programas que investem recursos em projetos de
ampliação e construção de novos laboratórios para pesquisa. Mas achamos
que seria importante qualificar o ensino de graduação com atividades
sólidas e cientificamente relevantes. Idealizamos o programa pensando em
fazer com que a competência da USP em pesquisa fosse transferida para
os estudantes o mais cedo possível", disse Zorn.
Laboratórios inovadores
Entre os 29 novos laboratórios, há projetos integradores da área da
saúde, que poderão integrar atividades práticas nas áreas de
odontologia, medicina e enfermagem com um centro de tecnologia aplicada à
ciência da saúde.
Outro exemplo é um projeto voltado para ciências do mar, com foco em aquicultura.
"Esse projeto prevê a implantação de um modelo de cultivo de espécies
marinhas. Ele incluirá a construção de uma espécie de plataforma no
oceano, onde poderão ser criadas diferentes espécies", disse Zorn.
Na área de saúde também houve projetos ligados ao uso de
instrumentação de simulações para aulas práticas, como manequins para
experimentação virtual. "Esse tipo de projeto tem grande demanda em
disciplinas como enfermagem e medicina", disse a pró-reitora.
Na área de exatas, um exemplo foi um projeto da área de computação voltado para o desenvolvimento de robôs e inteligência artificial.
"Trata-se, na realidade, de uma roboteca, na qual os alunos terão
desde o início a oportunidade de trabalhar com matemática e programação
de robôs móveis com respaldo em uma visão computacional", contou.
Com um projeto ligado ao curso de Gestão Ambiental da Escola de Artes
e Ciências Humanas, os estudantes poderão analisar amostras de água e
terra, permitindo simulações e o diagnóstico de contaminação ambiental.
"Tivemos também projetos na área de Ciências Humanas. Um deles prevê a
integração das licenciaturas em um grande laboratório voltado para o
treinamento de professores no ensino de química, física e biologia",
disse Zorn.
Outro projeto dará à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas um laboratório de processamento de dados para apoio a estudos de
ciências sociais, com estrutura e softwares específicos para a
modelagem e análise desse tipo de estudo.
Multidisciplinaridade
De acordo com Zorn, além de aproximar a competência de pesquisa da
USP do aprendizado dos alunos, o programa permitirá introduzir nos
cursos de graduação práticas pedagógicas e tecnologias de ensino
inovadoras.
"O programa também dá um forte estímulo à multidisciplinaridade e à
interação entre pesquisa e ensino. Os novos laboratórios vão integrar as
várias disciplinas de uma unidade e haverá também projetos de
laboratórios interunidades. Eles também permitirão que os alunos possam
começar, já na graduação, a participar de projetos de excelência
científica", explicou.
Entre os projetos aprovados, há, por exemplo, laboratórios que irão
interligar disciplinas do Instituto de Ciências Biológicas às da
Faculdade de Medicina, ou integrarão disciplinas da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo e do Instituto de Matemática e Estatística.
Os projetos dos laboratórios terão acompanhamento semelhante ao
modelo utilizado nos projetos de pesquisa, com prestação de contas e
apresentação de relatórios parciais das atividades.
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