O autofoco, como o próprio nome já diz, é o recurso que muitas câmeras
têm para que possam focalizar a imagem automaticamente. Geralmente, é
ativado com uma leve pressionada no disparador. Esse recurso é bem
anterior à fotografia digital. A primeira câmera fabricada em massa com o
autofoco foi a Konica C35 AF, em 1977. Mas você sabe como funciona o
autofoco?
Existem dois tipos de autofoco: o ativo e o passivo. Geralmente, o
autofoco ativo é mais usado em câmeras compactas, enquanto o autofoco
passivo é mais comum naquelas mais profissionais, com lente cambiável.
Resultado do autofoco ativo. Tem a vantagem de
focalizar em primeiro plano, mesmo com grande
contraste de fundo (Foto: Lucas Conrado)
O autofoco ativo recebe esse nome porque a câmera emite algum tipo de
energia para detectar a distância do objeto fotografado. Os primeiros
sistemas funcionavam como uma espécie de sonar. Emitiam ultrassom e
calculavam o tempo que o eco demorava para voltar. Assim, determinavam a
que distância o objeto fotografado estava da câmera e ajustavam o foco.
Os modelos mais recentes utilizam um sistema parecido, mas emitem
pulsos de luz infravermelha.
Estes sistemas são bons em situações com pouca luz. Mesmo que o
ambiente esteja escuro, como ela se guia por ultrassom ou infravermelho,
não faz diferença. Além disso, é eficiente na focalização de objetos em
primeiro plano quando há um cenário com grande contraste.
Mas esse sistema tem limitações. Se você quiser fotografar através de
uma janela, o autofoco guiado por ultrassom não focalizará o objeto
desejado, uma vez que o eco virá da janela. Já as câmeras que se
utilizam de infravermelho podem sofrer interferência da chama de uma
vela, que emite muita luz nessa frequência. Além disso, objetos pretos
podem absorver a luz infravermelha, atrapalhando a interpretação do
sensor.
O sensor infravermelho costuma ficar perto da lente. Então, para
focalizar o objeto, é preciso colocá-lo no meio do quadro e apertar o
disparador até a metade. Quando a câmera sinalizar que focalizou o
objeto, através de um apito ou um sinal na tela, você pode colocá-lo em
qualquer lado do quadro, sem soltar o disparador. Depois é pressionar
até o final para fazer sua foto.
O autofoco passivo é mais comum em câmeras profissionais, de lentes
cambiáveis. Normalmente, esse sistema de focalização não emite nenhum
tipo de energia, como infravermelho ou ultrassom. Ele analisa a luz que
entra no sensor da câmera, procurando o maior contraste possível entre
dois pixels próximos. Quando encontra esse contraste, interpreta que a
imagem está focalizada. Complicado? Nem tanto.
Fotografia desfocada (Foto: Lucas Conrado)
Olhe a foto acima. Ela está embaçada, logo, está desfocada. Entre um
pixel e o outro existe pouca variação. Assim, o microprocessador da
câmera vai mover as lentes até conseguir melhorar o foco.
Fotografia focalizada (Foto: Lucas Conrado)
A foto acima já está focalizada. O contraste entre os pixels é bem
maior que na primeira foto. Isso porque o microprocessador da câmera foi
analisando as imagens enquanto ajustava a lente para ter o maior
contraste possível.
Pontos de focalização da Canon Rebel Ti1 e
da Nikon D90 (Foto: Reprodução)
As câmeras analisam a diferença de pixel em pontos específicos do
visor. A quantidade de pontos de focalização pode variar de acordo com
cada modelo. Isso traz algumas vantagens. Caso você queira enquadrar um
objeto em um canto da imagem, por exemplo: se o fundo for uniforme, você
pode deixar a câmera parada onde quer compor a imagem e pressionar o
disparador levemente. O ponto no qual houver maior contraste vai ser
aquele em que vai haver a focalização. Essa é uma vantagem limitada,
como vamos ver abaixo.
Há ainda um outro modo de autofoco passivo chamado Phase Detection. No
espelho que reflete a luz para o visor de algumas câmeras, há uma área
semitransparente, onde parte dessa luz é direcionada para o sensor de
autofoco. Microlentes captam raios de luz que vêm de pontos opostos da
lente da câmera, criando duas imagens. O sensor compara a intensidade de
luz dessas duas imagens. Se estiverem diferentes, significa que o
objeto não está no foco. Assim, ajusta a lente até conseguir padrões
semelhantes e focalizar a imagem.
No
sistema Phase Detection, parte da luz é desviada para um sensor, que
identifica a distância entre o objeto fotografado e a câmera. Legenda:
1) Objeto fotografado/ 2) Espelho principal/ 3) Espelho secundário/ 4)
Sensor de imagem/ 5) Pino de ajuste do espelho principal/ 6) Pino de
ajuste do espelho secundário/ 7) Sensor Phase Detection/ 8) Prisma / 9)
Visor (Foto: Reprodução/Mansurovs.com)
Algumas câmeras de autofoco passivo contam com uma lâmpada, que emite
luz visível ou mesmo luz infravermelho para ajudar a focalizar a imagem.
Apesar dessa emissão de energia, ainda são consideradas câmeras de
autofoco passivo, porque as imagens continuam sendo analisadas no sensor
de captação de imagem, com a comparação entre pixels vizinhos.
O autofoco passivo tem a vantagem de poder focalizar imagens a qualquer
distância (o autofoco ativo só focaliza até onde seu sinal alcança),
inclusive através de janelas, mas tem algumas limitações. A primeira, e
mais óbvia, é a necessidade de muita luz para poder fazer o foco. Se for
em um ambiente escuro e sua câmera não tiver a lanterna auxiliar de
autofoco, a imagem só poderá ser ajustada manualmente. Além disso, o
objeto que você quer focalizar não deve ter cores muito uniformes, ou a
câmera não terá variação de cor para comparar.
Outro problema do foco passivo é o seguinte: você quer focalizar um
pássaro numa árvore, por exemplo. Mas o fundo e os outros elementos da
cena têm muito contraste de pixels. Isso pode confundir a câmera,
causando um foco em um elemento que não é o que você deseja. Para isso,
existem duas soluções.
A primeira é você aumentar o zoom de sua lente até aproximar-se do
objeto a ser fotografado. Pressione levemente o disparador da câmera até
ela fazer o foco. Sem soltar o disparador, volte ao zoom desejado e
faça sua foto. Se a sua lente não tem um zoom muito poderoso, o melhor é
desligar o autofoco e fazer a focalização por conta própria.
Há ainda um sistema híbrido, lançado pela Fujifilm e utilizado pelas
séries Finepix, da Fujifilm, Nikon N1, pela fabricante Ricoh e pelo
modelo Canon EOS 650D. Ele combina a medição do contraste de pixels com
Phase Detection, aumentando a velocidade de focalização nessas câmeras.