O Dosvox já é um programa conhecido e seus usuários realizam, inclusive, encontros anuais. O software tem cada vez mais aplicativos, com funções como agenda, calculadora, editor e leitor de textos, formatador para Braille, jogos, programas multimídia, utilitários de internet e outros. As aplicações são acessadas por meio de teclas específicas do teclado. O Dosvox, então, faz perguntas e confirma as ações tomadas por quem o utiliza.
Interface do programa Dosvox (Foto: Reprodução/Dosvox)
A aluna de comunicação da UERJ Daniela Tavares é usuária do programa e
trabalha com comunicação nos projetos de acessibilidade da UFRJ. Com um
tipo de degeneração na retina, a estudante usa o aplicativo
principalmente para ler textos da faculdade e anotar telefones e
compromissos na agenda. “O editor de texto, similar ao Word, também
ajuda”, explica.Já o Motrix começou a ser desenvolvido em 2002, para permitir que pessoas com deficiências motoras graves tivessem acesso a computadores. “Lenira, uma médica tetraplégica há muitos anos, nos procurou com a ideia de criar uma forma de acionar o computador com a voz”, conta o professor José Antônio Borges, coordenador do projeto do NCE/UFRJ.
O programa cumpre exatamente esta função. Ao pronunciar determinados comandos em inglês em um microfone, a pessoa é capaz de exercer funções simples no aparelho, como mexer o cursor do mouse e acionar aplicações do Windows. O usuário consegue ainda soletrar para o computador, mas o processo é lento, de letra por letra.
Por mais que já existam muitas alternativas de reconhecimento de voz no mercado, Borges afirma que o software ainda não conseguiu se tornar mais completo porque essas tecnologias são caras. “Nosso programa tem que ser gratuito para ser acessível a todos e, por isso, acaba sendo mais precário”, explicou.
Vítima de bala perdida na Estácio de Sá foi beneficiada com o projeto
Luciana Novaes utilizando o Motrix (Foto: Arquivo Pessoal)
Há exatos 10 anos, Luciana Novaes foi vítima de uma bala perdida na
universidade Estácio de Sá, onde estudava Enfermagem. Na época com 19
anos, a jovem ficou tetraplégica e teve que passar um ano e nove meses
no hospital. Hoje, ela faz parte da Coordenadoria Geral de Direitos
Humanos, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social da Prefeitura
do Rio de Janeiro.Novaes lembra que enquanto ainda estava no hospital, o professor José Antônio Borges a procurou para ajudá-la. Como a estudante ainda não tinha recuperado a voz, o grupo desenvolveu um software similar ao Motrix, chamado de MicroFênix, mais específico para pessoas com dificuldade na fala.
Atualmente, Novaes não utiliza mais o auxilio de programas para acessar o computador. “Como preciso de mais agilidade, algumas pessoas me ajudam nesta tarefa”, explica. O Motrix, no entanto, foi útil durante a graduação da jovem em Serviço Social, concluída em 2012. Nessa fase, ela já utilizava a versão tradicional, acionada pela voz.
Para ampliar o acesso de pessoas aos Programas de Acessibilidade, os pesquisadores, em parceria com um projeto da Universidade Federal do Amazonas, buscam uma solução para os comandos serem todos realizados em português. Assim, a inclusão será ainda mais completa.
Quem tiver interesse em usar os programas citados nesta matéria ou algum outro desenvolvido pelo projeto, basta acessar o site dos Projetos de Acessibilidade do Núcleo de Computação Eletrônica (NCE/UFRJ).
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