Foram seis anos de especulação sobre um serviço de armazenamento
online do Google. Enfim, o Google Drive foi lançado e, agora, a empresa
também tem sua camada de sincronização de arquivos online, como
Microsoft, Apple e Amazon já haviam criado.
Mas foi preciso uma empresa pequena de São Francisco, o Dropbox,
mostrar que havia um grande mercado a ser explorado para que as grandes
empresas de tecnologia já estabelecidas perceberem que tinham ficado
para trás.
Criar um arquivo digital para documentos, fotos, música e qualquer
outro conteúdo que o usuário quiser guardar ou compartilhar é essencial
para lidar com diferentes tipos de dispositivos eletrônicos, como
tablets, celulares e desktops. É isso que o Dropbox, o iCloud da Apple, e
agora o Google Drive fazem.
O Drive é quase uma cópia do serviço criado pelos empreendedores Drew
Houston e Arash Ferdowsi em 2008 – a diferença é que documentos podem
ser editados pelo Google Docs, e ainda há um plug-in para fazer isso
mesmo se o PC estiver desconectado. Instala-se um programa no computador
e é criada uma pasta, igual a qualquer outra, para guardar arquivos
online. Quem já usa o Docs para guardar arquivos e editar documentos,
verá seu conteúdo ser exportado para essa mesma pasta. Há uma opção para
quem não quiser enchê-la com conteúdo velho e inútil.
A partir daí é possível abandonar pen drives e quaisquer outras
mídias físicas para transportar os documentos – embora muitos já façam
isso usando o e-mail. Todos eles podem ser acessados online, em outros
computadores, ou em qualquer dispositivo, como tablets e smartphones,
que tenham um aplicativo equivalente. O Drive oferece 5 gigabytes (GB)
gratuitamente – ao contrário de 2 GB do Dropbox. E é possível comprar
mais espaço (20 GB, 100 GB e 1 terabyte – 1024 GB ), pagando
mensalidades (US$ 2,49, US$ 4,99 e US$ 49,99, respectivamente). O valor é
menor do que o cobrado pelo Dropbox – US$ 9,99 (50 GB) e US$ 19,99
(100GB).
Se a novidade parece mais uma invenção de cinco ou dez anos atrás,
você está certo. É o tipo de ideia que já deveria existir há muito
tempo. E é aí que entra a questão: o Dropbox e seus concorrentes só
existem porque há uma brecha nos computadores. A base que consolidou
seus sistemas operacionais usados até hoje foi construída em um momento
em que a internet tinha pouca relevância, era lenta e não oferecia
espaço suficiente para guardar coisas online. Nessa época, a mídia
física era a forma mais fácil de compartilhar conteúdo.
Há meia década já não é assim, mas os sistemas, como Windows e Mac
OS, pouco fizeram para se adaptar a esta nova realidade – e moldá-la.
Com a chegada dos aparelhos feitos para a mobilidade, a falta de um
sistema integrado com a rede fica ainda mais exposta.
O Google tentou mudar este cenário quando criou seu próprio sistema
operacional, o Chrome OS, em 2009, que funciona online – a próxima
versão deverá incluir o Drive. Mas há poucos modelos à venda desde o
lançamento dos primeiros no ano passado (e eles ainda nem chegaram ao
Brasil).
A computação em nuvem ainda está engatinhando, mas serviços como o
Dropbox e o Drive mostram que ainda há muitas oportunidades para novas
empresas desenvolverem soluções online para o dia a dia digital.
Drew Houston, um dos fundadores do Dropbox, disse recentemente em entrevista à revista Technology Review
que seu objetivo é construir o sistema de arquivos da internet para
interligar não apenas computadores, tablets e celulares, mas também
outros aparelhos como TVs, câmeras digitais e também aplicativos.
“Queremos facilitar para que qualquer coisa que consuma ou crie dados
possa se plugar (ao Dropbox)”, disse ele à revista norte-americana.
A fala dele é ambiciosa e mostra que seu modelo de negócios vai muito
além dos computadores a que estamos acostumados, ao contrário do Drive.
Afinal, o dia em que todos os PCs estiverem adaptados à nuvem, o
Dropbox será inútil a não ser que tenha criado o seu próprio sistema
digital e online até lá.
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