Nas minúsculas magnitudes envolvidas, o calor ambiente é suficiente para prover ao LED a energia necessário para seu "super rendimento". [Imagem: Synopsis Image APS/Alan Stonebrake]
Físicos conseguiram demonstrar na prática, pela primeira vez, que um semicondutor pode emitir mais energia do que consome.
O semicondutor é um diodo emissor de luz - um LED - que absorve energia na forma eletricidade e a emite na forma de luz.
Os cálculos teóricos que indicavam que isso era possível foram feitos há décadas.
A energia absorvida por um elétron que viaja através de um LED é igual à sua carga vezes a tensão aplicada, que causou seu movimento.
Mas se esse elétron ocasionar a emissão de um fóton, ou seja, se ele produzir luz, a energia do fóton emitido depende da chamada bandgap - a diferença de energia entre os elétrons da camada de condução e da camada de valência - que pode ser muito maior.
Ou seja, potencialmente a energia gerada pode ser maior do que a energia consumida.
Mas ninguém nunca havia visto isto acontecer na prática.
No limite inferior
Como, na maior parte dos casos, a grande maioria dos elétrons não produz fótons, o rendimento médio, em termos da luz emitida por um LED, fica abaixo da potência elétrica consumida.
Parthiban Santhanam e seus colegas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) conseguiram produzir o efeito previsto pela teoria, ainda que, em seu LED, menos de 1 em cada 1.000 elétrons produza efetivamente um fóton.
Eles criaram um LED com uma bandgap muito estreita, e aplicaram uma tensão tão pequena que o componente funciona como se fosse um resistor.
A partir daí, eles começaram a cortar a tensão pela metade, reduzindo a potência elétrica por um fator de 4.
Mas o número de elétrons - e, por decorrência, a potência da luz emitida -, caiu apenas por um fator de 2.
Picowatts
Ao chegar a uma potência elétrica de entrada de 30 picowatts, os pesquisadores detectaram cerca de 70 picowatts de luz emitida.
Essa energia extra vem das vibrações da rede atômica do material, induzidas pelo calor ambiente - logo, o LED se resfria ligeiramente, como acontece nos trocadores de calor termoelétricos.
O experimento fornece luz insuficiente para a maioria das aplicações práticas.
Contudo, ele demonstra que aquecer os diodos emissores de luz aumenta sua potência de saída e sua eficiência.
Isso significa que eles podem se comportar como motores de calor termodinâmicos - mas provavelmente não nas altas velocidades de chaveamento que eles alcançam nos aparelhos eletrônicos modernos.
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