Para quem achava que ambientes inteligentes e cidades inteligentes eram coisas do futuro, é bom ficar ligado porque parece que o futuro já está conectado. [Imagem: ICT-Sensei]
Colocar sensores e atuadores em tudo, das nossas casas e carros, até os nossos sapatos e xícaras de café pode parecer um tanto exagerado.
Mas o fato é que isso tem o potencial para tornar nossas vidas mais fáceis, mais confortáveis e mais seguras.
Imagine, por exemplo, que já se pode pedir normalmente ao celular ou ao carro para que ligue para uma pessoa, e apenas esperar que a ligação se complete - mas ainda é necessário sair pela casa apagando cada uma das lâmpadas manualmente antes de ir dormir.
Pesquisadores europeus concluíram que é hora de mesclar os mundos virtual e digital, disseminando o que eles chamam de "ambientes inteligentes" ou "inteligência ambiente".
Os resultados das suas pesquisas mostraram que a tecnologia já permite ir além dos edifícios e casas inteligentes, passar ao nível das cidades inteligentes e, eventualmente, chegar a um ambiente inteiramente conectado.
Visão holística, computacionalmente falando
A ideia é disseminar a tecnologia, mas deixá-la imperceptível, muito próxima da chamada computação ubíqua, ou seja, computadores em todos os lugares.
Para isso, contudo, é necessário desenvolver sensores e formas de comunicação entre esses sensores - as chamadas redes de sensores - que permitam que você dê à expressão "percepção holística do mundo" um sentido mais microeletrônico.
É a chamada tecnologia transparente ao usuário. Para que a tecnologia esteja presente em todos os lugares, isto é essencial, sob pena de que ela se transforme mais em obstáculo do que em auxílio.
Segundo o Dr. Laurent Hérault, do Centro de Pesquisa Leti, na França, os resultados do Projeto Sensei, que ele coordenou, já estão nas mãos de 19 empresas e laboratórios que estão trabalhando para colocar a ideia em prática.
Motoristas de uma cidade espanhola terão informações online sobre vagas de estacionamento na cidade ainda neste ano. [Imagem: CORDIS]
O grande avanço do projeto foi desenvolver uma arquitetura que permite a incorporação plug and play de um novo sensor, atuador ou interface em uma rede.
Isto permite o estabelecimento de uma ponte entre o mundo real e o mundo virtual rumo a uma futura Internet das Coisas, onde tudo ficará conectado com tudo.
"Você poderá perguntar, por exemplo, 'Qual é temperatura agora em Brasília?' O sistema irá decodificar a informação semântica, acessar a rede, encontrar a rede de sensores do tempo em Brasília e retornar uma resposta prontamente," diz o Dr. Hérault.
E isto não é mais coisa de laboratório.
Cidades inteligentes
De posse dos resultados do projeto Sensei, uma rede de 12.000 sensores está sendo instalada na cidade de Santander, na Espanha.
Os sensores do chamado Projeto SmartSantander, serão utilizados para monitorar vagas de estacionamento e enviar as informações para os motoristas pelo celular ou pela internet.
Redes de sensores e atuadores estão sendo instaladas também para permitir o controle inteligente da iluminação pública, diminuindo a intensidade das lâmpadas quando não houver ninguém na rua.
"O SmartSantander vai trazer benefícios reais para os cidadãos nos próximos meses, e também servirá como uma plataforma de testes para que os pesquisadores conduzam novos experimentos," diz o pesquisador.
Outro projeto, chamado OutSmart, é mais amplo, e está levando a tecnologia de sensores distribuídos para Berlim (Alemanha), Birmingham (Reino Unido), Aarhus (Dinamarca) e Trento (Itália).
Hoje praticamente não se vê tecnologia nas próprias casas porque elas ainda não existem. Logo existirão, mas deverão continuar invisíveis. [Imagem: CORDIS]
Em Trento, o foco também está na água, mas para o gerenciamento de sua utilização nas áreas montanhosas, onde ela deve ser dirigida para o consumo ou para a geração de eletricidade, dependendo da demanda.
Em Berlim, parceiros industriais do já terminado Projeto Sensei estão trabalhando no desenvolvimento de cestas de lixo inteligentes, capazes de alertar quando estão cheias, chamando o caminhão de lixo, ou evitando que os lixeiros tenham que parar onde não há nada para ser recolhido.
Em Birmingham, a infraestrutura de transportes, incluindo bondes, ônibus, estradas, ciclovias e calçadas serão otimizadas, permitindo que as pessoas economizem tempo e dinheiro explorando as melhores rotas e compartilhando os diversos tipos de meios de transporte.
Futuro plugado
Enquanto isso, várias empresas, incluindo Ericsson, SAP, Thales, NEC, Telenor e Telefônica, planejam integrar os ambientes inteligentes em futuros planos comerciais.
A Ericsson, por exemplo, está instalando uma rede de sensores para monitorar o meio ambiente no sistema de transporte de Belgrado, na Sérvia.
Ou seja, para quem achava que ambientes inteligentes e cidades inteligentes eram coisas do futuro, é bom ficar ligado porque parece que o futuro já está conectado.
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