PEQUIM - A atividade industrial chinesa desacelerou em março pelo quinto mês consecutivo, de acordo com índice preliminar elaborado pelo HSBC, alimentando temores de que a perda de fôlego da segunda maior economia do mundo pode ser maior que a antecipada por analistas.
O indicador caiu para 48,1, o mais baixo patamar em quatro meses _números inferiores a 50 revelam contração da atividade industrial. Em fevereiro, o índice foi de 49,6.
"O impulso de crescimento pode desacelerar ainda mais em meio a uma combinação de fragilidade nos novos pedidos de exportação e enfraquecimento da demanda doméstica. Isso pode exigir medidas adicionais de relaxamento das autoridades de Pequim", escreveu o economista-chefe do HSBC para a China, Qu Hongbin.
A China enfrenta "riscos extremos" no front econômico, segundo o diretor de macroeconomia do Centro de Pesquisa em Desenvolvimento do Conselho de Estado, Yu Bin. Apesar disso, ele acredita que o país crescerá 8,5% neste ano, acima do piso de 7,5% fixado pelo primeiro-ministro Wen Jiabao no dia 5 de março, em seu discurso de abertura da reunião anual do Congresso Nacional do Povo.
Na avaliação de Yu, o país tem de lidar com uma combinação de encolhimento da demanda de curto prazo e queda de produtividade potencial no longo prazo. Em entrevista coletiva, o economista defendeu que a China tolere taxas de inflação de 4% a 5%, apesar de prever que o resultado deste ano ficará dentro da meta de 4% estabelecida pelo governo.
Todos os cinco elementos que compõem o indicador do HSBC registraram contração em março. O que mais influenciou o resultado total foi a queda em novos pedidos para 46,2, o que reforça a posição dos que possuem uma visão mais pessimista sobre a economia chinesa.
A segunda maior economia do mundo vem desacelerando desde o quarto trimestre de 2010, e chegou a um ritmo de expansão de 8,9% nos últimos três meses de 2011.
Nas declarações que deu durante a reunião anual do Congresso Nacional do Povo, Wen Jiabao indicou que o governo manterá as medidas de controle do setor de construção civil, que restringem a compra de mais de um imóvel pela mesma família e elevam o percentual do preço que deve ser pago à vista.
O setor desempenhou papel central no crescimento chinês nos últimos meses, mas a escalada de preços reforçou temores de que a bolha imobiliária estava cada vez mais inflada, apresentando riscos adicionais à gestão macroeconômica.
Além disso, os preços estratosféricos dos imóveis transformaram o sonho da casa própria em algo cada vez mais distante para os que se encontram nas faixas de renda inferiores da sociedade chinesa, alimentando o potencial de instabilidade social.
Com a crise financeira global e a necessidade de reestruturação do modelo de desenvolvimento chinês, está cada vez mais claro que o período de crescimento próximo de 10% registrado nos últimos 30 anos ficou para trás. Tudo indica que a expansão do país ficará a partir de agora mais próxima dos 8%.
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