O esquema do experimento e a membrana de óxido de grafeno, com 1 micrômetro de espessura.[Imagem: Nair et al./Science]
O grafeno continua a mostrar suas estranhas e promissoras propriedades.
Depois de se mostrar invisível para a água quando posto sobre uma superfície, ele demonstrou ser impermeável para todos os gases e líquidos quando posto sobre um furo, ou seja, quando transformado em uma membrana.
De forma surpreendente, a equipe que ganhou o Prêmio Nobel de Física pela sua descoberta demonstrou também que a água se evapora através do grafeno praticamente como se ele não estivesse lá.
Está certo que não era exatamente grafeno puro, mas óxido de grafeno, ou grafeno funcionalizado - uma folha de grafeno coberta com moléculas do grupo hidroxila (OH-).
O óxido de grafeno forma laminados com várias camadas de espessura, mas ainda na categoria dos chamados filmes finos.
Invisível para a água
Quando um recipiente é selado com esse filme, nem mesmo o mais sensível equipamento existente consegue detectar a saída de ar ou de qualquer outro gás, incluindo o hélio.
O gás hélio consegue escapar lentamente mesmo quando é coberto por uma lâmina de vidro de 1 milímetro de espessura, mas não passa pelo filme de grafeno funcionalizado.
Mas coloque a incrível água lá dentro - e os cientistas estão longe de entender todas as propriedades da água - e ela evapora como se o filme de grafeno não estivesse lá.
Na verdade, a água se evapora exatamente na mesma velocidade, esteja a membrana lá ou não.
"Essa propriedade única pode ser usada em situações onde é necessário remover a água de uma mistura ou recipiente, mas deixando lá dentro todos os outros ingredientes," propõe a Dra. Irina Grigorieva, membro da equipe na Universidade de Manchester, no Reino Unido.
Nanodiscos de grafeno absorvem completamente a luz. [Imagem: PhysicsWorld]
Uma outra equipe, em um trabalho independente, descobriu que o grafeno pode ser usado para criar um absorvedor perfeito de luz.
Ou seja, se ele é transparente para a água, o grafeno não deixa nenhuma luz passar quando é cortado em círculos e montado em uma estrutura periódica.
Isto pode levar ao desenvolvimento de novos aparelhos detectores de luz, particularmente na região do infravermelho, justamente onde as tecnologias atuais não se dão bem.
O que surpreendeu nesta descoberta é que os materiais convencionais precisam ter uma espessura de milhares de átomos para absorver completamente a luz. O grafeno faz isto com uma camada de um único átomo.
"A camada em questão é feita com grafeno disposto em uma estrutura periódica de nanodiscos," explica o Dr. García de Abajo, do Instituto de Pesquisas Fotônicas, na Espanha, coordenador da equipe.
A estrutura confina a luz em regiões que são centenas de vezes menores do que o comprimento de onda da luz, o que ocorre graças aos plásmons de superfície, oscilações coletivas quantizadas de elétrons no interior do nanodisco.
Para que o mecanismo funcione, o grafeno deve estar eletricamente carregado. E o comprimento de onda - a cor da luz - que o grafeno retém depende da intensidade dessa carga elétrica.
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