A radiação ultravioleta emitida pelas estrelas quentes jovens retira elétrons dos átomos de hidrogênio, que são seguidamente recapturados.[Imagem: ESO]
Esta nova imagem mostra uma maternidade estelar chamada NGC 3324.
A intensa radiação ultravioleta emitida por várias das estrelas jovens quentes da NGC 3324 faz com que a nuvem de gás brilhe com cores vivas, ao mesmo tempo que escava uma cavidade no gás e poeira ao seu redor.
A NGC 3324 está situada na constelação austral de Carina (a quilha do navio Argo de Jasão), a cerca de 7.500 anos-luz de distância da Terra. Ela encontra-se no norte do ambiente caótico da nebulosa Carina, que possui muitos outros bolsões de formação estelar.
Lá, foi recentemente fotografado um tipo muito raro de estrela, chamada estrela de Wolf-Rayet.
Um depósito rico em gás e poeira na região da NGC 3324 deu origem a um processo de formação estelar intenso nessa região há vários milhões de anos, levando à criação de várias estrelas muito grandes e quentes, as quais se pode observar bem destacadas nesta nova imagem feita pelo ESO.
Os ventos estelares e a intensa radiação emitida por estas estrelas jovens abriram um buraco no gás e na poeira ao se redor, o que se observa claramente como uma parede de material na região central direita da imagem.
Dos átomos às nebulosas
A radiação ultravioleta emitida pelas estrelas quentes jovens retira elétrons dos átomos de hidrogênio, que são seguidamente recapturados, originando um brilho característico de cor avermelhada, à medida que os elétrons decaem em cascata através dos vários níveis de energia, mostrando-nos toda a extensão do gás difuso local.
Outras cores vêm de outros elementos, com o brilho característico do oxigênio, duas vezes ionizado a tornar as partes centrais da imagem amarelo-esverdeadas.
Tal como as nuvens no céu da Terra, os observadores de nebulosas imaginam formas entre estas nuvens cósmicas.
Um dos apelidos para a região NGC 3324 é a de Nebulosa Gabriela Mistral, nome que vem da poetisa chilena que ganhou o prêmio Nobel da literatura em 1945 - as bordas da parede de gás e poeira à direita parecem-se bastante com uma cara humana de perfil, com a "elevação" no centro correspondendo a um nariz.
Os grãos de poeira nestas regiões bloqueiam a radiação que vem do gás brilhante de fundo, criando estruturas filigrânicas sombrias que acrescentam mais uma camada evocativa a esta já rica imagem.
Vale a pena ver de novo
O olho poderoso do Telescópio Espacial Hubble também já esteve voltado para a NGC 3324.
O Hubble consegue observar maiores detalhes do que a visão mais alargada do Wide Field Imager usado aqui, embora num campo de visão menor.
Veja a versão do Hubble dessa região na reportagem Novo Hubble estreia em grande estilo.
Os dois instrumentos, quando usados em conjunto, dão uma perspectiva de zoom-in e zoom-out, ambas bastante interessantes.
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