Esforço de físico
A Sociedade Brasileira de Física (SBF) quer aproximar a ciência produzida nos laboratórios das universidades e dos centros de pesquisa à linha de produção da indústria nacional.
Isto está sendo feito em um encontro promovido pela SBF e pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos.
O evento, que é fechado, conta com a participação de empresários, acadêmicos e técnicos do governo, tem como objetivo discutir os desafios para a física do futuro.
A intenção dos físicos é contribuir para a formulação de políticas de ciência e tecnologia que estimulem a inovação a partir do conhecimento gerado no Brasil, e agregar valor aos produtos fabricados aqui.
"Isso não vai ser feito de maneira espontânea", reconhece o presidente da SBF, Celso Pinto de Melo. Na opinião dele, um dos desafios é superar as diferenças entre a cultura empresarial e a cultura científica.
Colaboração dos físicos para a inovação
De acordo com Melo, a aproximação mais notória entre cientistas e empresas ocorre na exploração de petróleo.
Ele também aponta para o potencial da indústria eletrônica e para o "caráter mobilizador" do programa espacial brasileiro, que, ao fabricar foguetes e satélites, estimula a cadeia produtiva nacional.
Na opinião do presidente da SBF, os físicos podem contribuir na área de materiais e transformar commodities abundantes no Brasil em produtos acabados.
Esse seria o caso, por exemplo, do silício cristalino extraído do quartzo exportado em estado bruto pelo Brasil e usado para a fabricação de células solares.
Este assunto especificamente será discutido em outro evento a ser realizado no mês que vem: Evento discutirá criação de setor de energia solar fotovoltaica no Brasil.
Outro exemplo seriam os chamados metais de terras raras - elementos químicos que são usados na fabricação de motores magnéticos. Segundo Melo, o Brasil tem as maiores jazidas de terras raras do mundo.
Inovação para amanhã
Já para o físico Eduardo do Couto e Silva, que coordena o encontro desta terça-feira, as diferenças de cultura são bastante marcadas entre as empresas e as universidades, o que pode eventualmente criar barreiras para um diálogo mais profícuo.
Segundo ele, os físicos têm dificuldades de expressar as qualificações e os empresários, em articular as demandas.
"O problema é que a gente quer inovação para amanhã", observa.
Ele acredita que pesquisadores e empresas, no entanto, estão conseguindo uma maior aproximação.
O bom momento econômico pelo qual passa o Brasil, em comparação a Europa e os Estados Unidos, e a perspectiva de desenvolvimento animam o físico: "É inconcebível que a comunidade científica não acompanhe essa evolução".
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