Quando a espuma permanente não for mais necessária, basta aumentar sua temperatura acima dos 60° C que ela se desfaz. [Imagem: Wiley]
Se um sabão magnético não é suficiente, que tal um sabão cuja espuma pode durar meses, podendo ser "desligada" quando não for mais necessária?
Este é o resultado do trabalho de uma equipe de cientistas franceses, que já está chamando a atenção dos fabricantes de cosméticos e detergentes, mas poderá ter muitos outros usos industriais.
Devido à sua textura e às moléculas que as compõem, as espumas frequentemente têm propriedades detergentes.
Essas moléculas, conhecidas como tensoativos, se colocam entre a água e o ar, permitindo que filmes muito finos de água se estabilizem ao redor das bolhas de ar.
A variação das moléculas varia as propriedades da espuma, que pode ser usada desde em sabonetes e xampus até na mineração e no combate a incêndios.
Espuma permanente
O que os pesquisadores franceses fizeram foi estudar uma molécula específica - o ácido graxo 12-hidroxiesteárico, que é normalmente insolúvel. Mas a insolubilidade foi resolvida adicionando-se o "sal correto", segundo a equipe.
O resultado é uma espuma produzida em abundância, e que dura por até seis meses - os surfactantes atuais não conseguem sustentar espumas por mais do que algumas horas.
Segundo a equipe, entre 20 e 60° C, o ácido 12-hidroxiesteárico e o sal dispersam-se na água formando tubos com dimensões na faixa dos micrômetros.
Os tubos formam uma estrutura que não apenas é perfeitamente estável, como é rígida, formando filmes finos de água entre as bolhas de ar. É essa resistência do filme de microtubos que explica a durabilidade da espuma.
Espuma de ligar e desligar
Quando a espuma não for mais necessária, basta aumentar sua temperatura acima dos 60° C.
Isso faz com que os tubos fundam-se em estruturas esféricas chamadas micelas, milhares de vezes menores do que os tubos originais - ou seja, na faixa dos nanômetros.
As pequenas dimensões das micelas não são suficientes para manter a rigidez dos filmes finos, que colapsam, destruindo a espuma.
Quando a espuma for novamente necessária, basta baixar a temperatura e soprar ar sobre a solução, que os filmes finos se reestruturam e as bolhas voltam a se formar.
Espuma permanente
A temperatura de transição, a partir da qual a espuma é destruída, depende do sal usado na mistura com o ácido graxo, o que aumenta os usos potenciais da "espuma permanente", que pode ser adequada a cada aplicação.
Anne-Laure Fameau, que descobriu a fórmula da espuma, afirma que este é um exemplo de química verde, uma vez que a espuma é feita com uma molécula orgânica.
Hoje, detergentes e cosméticos dependem de vários ingredientes químicos, a maioria inorgânicos, para produzir uma espuma adequada.
A pesquisadora afirma que o material poderá ter muitos usos industriais, além de xampus que saem mais facilmente do cabelo, bastando para isso enxaguar com água de uma determinada temperatura.
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