Fiz essa pergunta num workshop que falava de “Fotografia
Criativa e Mídias Sociais”. Alguns foram enfáticos: “Gosto de
fotografar, apenas”. Outros foram irônicos: “Fotografo o que somente a
lente ver”. E ainda tiveram os que divertiram o grupo, falando que o
gato da casa, comparado as histéricas e sua bela indiferença, era o
modelo ideal.
Quando começamos a fotografar, estilo é uma palavra colada à
alguém ou alguma coisa e distante de nós. Mesmo tentando entender
melhor, isso não fica claro – não sabemos muito bem como estilo tem a
ver com o ato de fotografar. E, de fato, nesse momento estamos brigando
com exigências técnicas, que entram em conflito com nossa noção
subjetiva do fazer fotográfico.
Exploração da cor (Foto: Ticiana Porto)
Quando o olho começa a observar mais, em geral, é quando estamos
caminhando nessa longa mata fechada, que vai traçar o estilo. Parar para
olhar não é um mero exercício. Dessa postura ativa é
possível extrair valores, volumes, sombra e luz. Elementos que podem
servir à composição e estão à espera do seu recorte.
Exploração da cor e da perspectiva (Foto: Ticiana Porto)
Uma das pessoas do workshop apresentou doze fotos para
discutirmos seu estilo. Suas fotos eram bem diferentes, umas das outras.
Propus um exercício de observação, sem que nada fosse dito durante dez
minutos. Ficamos olhando as fotos, sem que uma palavra fosse dita.
Alguns fizeram anotações; outros quiseram pegar as fotografias e vê-las
de perto.
Dez minutos depois, cada um tinha que apresentar suas impressões
por escrito. Tínhamos um quadro e começamos a organizar aquelas ideias
em grupos. Num deles uma percepção era clara, aquelas fotos se dividiam
em: retratos, paisagens, objetos de design e arquitetura.
Poderíamos concluir e afirmar que esses interesses definiam seu
estilo. Não é bem assim… Estilo é uma redução, quase como se chegássemos
a letra inicial que identifica o seu nome. Chegar ao estilo é um
exercício, como na matemática, que quer chegar ao mínimo denominador
comum.
Exploração da cor e atenção no uso da composição (Foto: Ticiana Porto)
Uma pessoa intuitiva comentou: “Todas as fotos estão riscadas”.
Essa observação deu início na nossa busca – marcou o traçado na mata
fechada do estilo. “Como assim, riscadas?”, protestou o autor. O que
havia ali era sua escolha da luz natural e da sombra fazendo linhas, que
atravessavam todas as fotos. A sombra recortava geometricamente suas
fotos e era um elemento principal e inequívoco de suas composições. Isso
falava do seu estilo.
Sim, muita informação…Paramos por aqui? Esse assunto, o estilo,
nos exige sempre mais, talvez seja bom parar agora e avançar, sem
tropeços, aos poucos, para que possamos falar de estilo e não de
cristalização num modelo – uma vez que o estilo vai se fazendo, percorre
o tempo e a prática. É por essa estrada que encontramos uma
descontinuidade com tudo que já foi feito e fazemos algo singular.
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