Um radiotelescópio é, essencialmente, uma antena de rádio equipada com
um receptor de sinais bastante sensível. Sua antena é desenhada para
receber sinais emitidos do espaço, vindos especificamente da direção
para a qual foi apontada.
O Observatório de Arecibo, que fica em Porto Rico, é um dos maiores radiotelescópios (Foto: Reprodução/Wikia)
Esta também é capaz de mapear a distribuição de ruídos de rádio vindos
de uma variedade de fontes cósmicas, como estrelas. Por isso, esse
equipamento costuma ser usado por astrônomos para estudarem os astros,
seus fenômenos de formação e até a origem do universo.
O ROI (Rádio Observatório de Itapetinga) é o maior radiotelescópio do Brasil (Foto: Reprodução/G1)
Esses equipamentos são encontrados em todo o mundo e muitas vezes
trabalham em colaboração com dispositivos de outros países. No Brasil,
um dos radiotelescópios nacionais fica no estado de São Paulo, no Rádio
Observatório de Itapetinga (ROI). Normalmente eles se situam em locais
isolados, como desertos, pois isso evita interferências eletromagnéticas
vindas dos grandes centros urbanos.
HistóriaOs radiotelescópios são a principal ferramenta da radioastronomia, atividade que remonta aos anos 30 do século passado, quando Karl Guthe Janksy passou a investigar a origem da estática que interferia na operação de circuitos de radiotelefone em comunicações transoceânicas.
A terceira fonte foi um mistério só resolvido após um ano de estudo. Os resultados apontaram para uma estática constante, que teve sua origem detectada na própria galáxia onde a Terra se encontra, isto é, na Via Láctea. Essas interferências foram, então, as primeiras captações constatadas de ondas vindas dos corpos celestes.
No entanto, as atenções para esse ramo do estudo dos astros só foi desenvolver-se e ter sua consolidação após a Segunda Guerra Mundial.
As partes e o funcionamento
A constituição de um radiotelescópio pode variar imensamente, mas todos
contêm essencialmente uma grande antena de rádio e um radiômetro ou um
receiver sensíveis. O conjunto ainda costuma acompanhar um sintonizador,
para selecionar em qual frequência captar os sinais, e um gravador,
para registrar o que for recebido.
Quanto maior o diâmetro do disco da antena melhor a resolução das imagens produzidas (Foto: Reprodução)
A parte principal são as antenas, objetos em forma de pratos que
coletam e refletem as ondas de rádio para o receiver, do mesmo modo que
um espelho curvo foca a luz em um ponto específico. Este ponto
específico seria o receiver, responsável também por amplificar os sinais
muito fracos até um nível mensurável.
Depois de serem recebidos e amplificados, os sinais são armazenados por
um gravador, que envia o material diretamente para a memória de um
computador. Este será responsável pelo processamento e análise dos dados
coletados.
Esse processo de captação feito por tais equipamentos só é possível
porque estrelas, galáxias, quasares e outros objetos astronômicos
produzem ondas de rádio naturalmente. Na verdade, o que se gera é um
tipo de radiação propagada pelo espaço em forma de ondas
eletromagnéticas capazes de superar o vácuo, propagando-se a uma
velocidade enorme.
Esta
imagem das galáxias NGC 4038 e 4039 foi produzida pelo radiotelescópio
ALMA, que fica no deserto do Atacama (Foto: Divulgação)
Estas ondas compreendem a luz visível, a luz infravermelha, os raios X,
os ultravioleta, os gama e também os sinais de rádio. A diferença entre
as ondas de rádio e as outras está no seu comprimento de onda,
que representa a distância entre um pico e outro de uma onda. Nas ondas
de rádio esta distância é mais longa.
Ao ser feita a captação das ondas, o resultado imediato não é uma
imagem. Na verdade, o produto inicial é a intensidade do fluxo da
radiação eletromagnética gerada em um período. Para finalmente chegar-se
a uma imagem, é necessária uma varredura, ou seja, inúmeras medições de
ângulos diferentes da mesma fonte. A imagem é finalmente formada pelos
computadores que tratam o material.
Telescópios e radiotelescópios: diferenças e semelhanças
A diferença fundamental entre um radiotelescópio e um telescópio ótico
encontra-se no conteúdo captado por cada um. Como foi dito, o primeiro
observa ondas de rádio emitidas por corpos celestes, já a versão óptica
produz imagens a partir da luz visível gerada ou incidida sobre um
astro.
Imagens
de uma mesma região do espaço produzida pelo radiotelescópio ALMA e
outra pelo VLT, um telescópio ótico. Cada aparelho capta aspectos
distintos (Foto: Reprodução/Ciência Hoje)
Por trás disso estão distinções nos comprimentos de onda que cada um
recebe. Os telescópios óticos tradicionais captam a faixa de 400 a 1000
nanômetros, enquanto a radioastronomia volta-se para a faixa de 1 mm a
30 m. Consequentemente, cada um pode ser usado para tarefas específicas
em que o outro não é capaz de atuar, já que suas áreas de ação no
espectro não são as mesmas.
Apesar dessa e outras diferenças, os radiotelescópios contêm
semelhanças com os telescópios óticos atuais. Por exemplo, os dois
modelos coletam a radiação eletromagnética concentrada em um ponto
focal, o primeiro faz isso com um prato de antena parabólica e o segundo
com o espelho primário.
Os dois também trazem dispositivos detectores de radiação
eletromagnética. No telescópio ótico tem-se um fotômetro, placa
fotográfica, uma câmera CCD ou uma lente ocular. Já no outro, existe uma
antena com polarização direcional.
Vantagens e desvantagensAs observações espaciais feitas por radiotelescópios podem sofrer com empecilhos devido à sua baixa resolução. Este fator dificulta a distinção entre duas fontes de emissão muito próximas, como duas estrelas, por exemplo.
A consequência desse efeito é uma imagem final muito “embaçada”. Um dos modos de minimizar essa questão é aumentar o diâmetro do equipamento. Quanto maior o diâmetro, melhor a resolução. No entanto, como as exigências por melhorias nas captações são cada vez maiores, os diâmetros teriam de aumentar em uma escala inviável para um só aparelho.
É nesse contexto que entram as técnicas de infometria e os VLA (Very Large Array), que empregam um enorme conjunto de radiotelescópios posicionados em uma única área ampla captando uma mesma fase de um sinal para, enfim, produzirem imagens muito mais nítidas através de comparações das recepções. Os VLA ainda podem ser combinados globalmente com outros conjuntos de radiotelescópios, multiplicando as capacidades do sistema de captação.
O
ASKAP, o mais poderoso radiotelescópio do mundo, faz parte do projeto
internacional Square Kilometer Array (Foto: Reprodução/The Verge)
O radiotelescópio ASKAP
(do inglês Australian Square Kilometre Array Pathfinder), inaugurado em
outubro desse ano, no Outback Australiano, é um exemplo desses sistemas
globais. Ele faz parte de um projeto muito maior, o SKA (Square
Kilometer Array), que contará com outro conjunto de radiotelescópios
ainda em construção na África do Sul.Um outro problema que se impõe aos radiotelescópios são as interferências da atmosfera, mais especificamente de dentro da Ionosfera. Estas causam distorções nos sinais de comprimentos de onda maiores do que 20 cm. No entanto, entre 20 a 1 cm o prejuízo à recepção é mínimo e corrigível.
Apesar dessas desvantagens ou dificuldades, existe no espaço um bom número de objetos astronômicos que só podem ser observados na faixa de ondas de rádio. Sendo assim, o radiotelescópio apresenta-se como uma ferramenta importante ou mesmo crucial para inúmeras pesquisas e avanços na ciência.
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