quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Facebook dos cientistas' ganha cada vez mais espaço

Rede social voltada ao compartilhamento de pesquisas científicas chega à marca de 1,2 milhão de usuários em todo o mundo

Divulgação
Logo do portal científico ResearchGATE: mais de 1 milhão de usuários e consolidação na área de pesquisas
Logo do portal científico ResearchGATE: mais de 1 milhão de usuários e consolidação na área de pesquisas
Arquivo pessoal/Divulgação
Ijia Madisch, idealizador e um dos fundadores do portal científico, no escritório da empresa, em Berlim
Ijia Madisch, idealizador e um dos fundadores do portal científico, no escritório da empresa, em Berlim
Em meados de 2007, um estudante de medicina – cansado das limitações que freavam suas pesquisas – teve a ideia de montar um portal que promovesse a interação entre profissionais da ciência. A iniciativa era audaciosa, mas o universitário levou-a adiante. Juntou, com dois amigos, o conhecimento necessário e, em 2008, criou o ResearchGATE. O portal já conta com 1,2 milhão de usuários ao redor do globo e é referência no meio científico.

Colaborar é preciso
Idealizador do site, o médico alemão Ijad Madisch explica que o princípio do ResearchGATE é a colaboração. “Quando pesquisamos, quase sempre chegamos a um ponto onde não temos pleno conhecimento. Aí, quando procuramos uma resposta, vemos que quem as detém não compartilha”, relata o criador do portal. “O ResearchGate veio para acabar com isso. Profissionais deixam seus postulados disponíveis para os que necessitarem aplicá-los em suas próprias pesquisas”, completa Madisch.

Embora funcione de forma similar em alguns aspectos, o ResearchGATE difere das principais redes sociais, onde a interação ocorre basicamente entre indivíduos que já se conhecem. Além disso, o portal foca em acontecimentos reais (divulgação de fóruns, debates e encontros de pesquisadores) relacionados à ciência.

No ReserchGATE, cada usuário pode procurar, pesquisar, seguir e discutir com outras pessoas de sua área instantaneamente. No perfil de cada um está contida uma credencial profissional, com publicações e realizações do indivíduo. Os membros ativos, inclusive, têm um fórum especial dentro do site, onde discutem sobre vários temas. Entre as facilidades que dispõe, os utilizadores do ResearchGATE podem importar dados de outras redes sociais, como Twitter, Linked In e Facebook.

E o plágio?
“Onde há compartilhamento, há risco de roubo de ideias”, lembra Madisch. “Não temos uma ferramenta que impeça o plágio, mas monitoramos os fluxos de pensamento de cada um. Não evitamos as cópias, porém podemos analisar se o que a pessoa diz realmente foi algo pensado por ela mesma”, atesta. Como os fóruns e grupos do ResearchGATE são públicos, qualquer um que se sinta lesado pode denunciar e provar uma fraude.

Consolidação na comunidade científica
Quando criaram o portal, os médicos alemães Ijia Madisch, Soeren Hofmayer e Horst Fickenscher buscavam esclarecer dúvidas em uma pesquisa sobre o desenvolvimento de ossos para dedos artificiais através de células-tronco. Três anos depois, além de terem conseguido as respostas que procuravam, consolidaram o ResearchGATE no meio científico. O site conta com 1,2 milhão de usuários espalhados em 4.500 grupos de pesquisas e recebe colaborações de renomados investidores. Entre eles, destaque para Matt Cohler (ex-membro do Facebook e atual sócio da Benchmark Capital) e Michael Birch (fundador da Bebo, incorporada à AOL).

Outro ponto que atesta o sucesso é a aceitação do público-alvo. Doutor em fitopatologia, Marcos Fernando Basso é um dos mais de 300 mil pesquisadores brasileiros que usam o site. Fascinado pelo “anti-heroísmo” do portal, Basso é só elogios. “No ResearchGATE não existe isso de ‘pesquisa boa é pesquisa certa’. Os grupos de discussão são ótimos, com todos empenhados em levar as pesquisas adiante”, relata Basso.

O idealizador Madisch reitera essa postura. “Já dizia Thomas Edison, ao inventar a lâmpada: ‘Eu não falhei. Eu descobri 10 mil formas que não funcionam’. Ciência é isso. Errar para dar um passo adiante”, conclui Madisch.

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