sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A guerra do 3D: óculos ativo vs. óculos passivo

Com a chegada em massa dos TVs 3D às lojas, a indústria eletrônica se vê diante de mais uma guerra de formatos: óculos 3D passivo ou ativo?
Os primeiros TVs vinham acompanhados apenas dos chamados active-shutter (óculos ativos), que são alimentados por bateria e fazem automaticamente a seleção das imagens para cada olho. Como as vendas iniciais não foram muito animadores (apenas 1,3 milhão de aparelhos, segundo os dados oficiais), menos de um ano depois surgiram os TVs com óculos passivos, sem bateria e cuja seleção dos sinais é feita integralmente por sensores localizados dentro do TV.
Alguns estudos na época indicaram que as baixas vendas dos TVs 3D se deviam a uma espécie de rejeição do público: a maioria dos consumidores não aceitaria pagar caro pelos óculos. Os modelos usados nos novos TVs, que utilizam uma tecnologia chamada FPR (Film Patterned Retarder), são mais baratos - e vêm sendo apontados por alguns fabricantes como a "salvação" da revolução estereoscópica.
Segundo eles, essa tecnologia resolve a maior parte dos problemas identificados junto aos consumidores: preço, desconforto com o uso dos óculos (os passivos são mais leves), interferências entre os sinais que são separados para cada olho (tecnicamente chamadas crosstalk) e até mesmo a questão do design. Sendo mais baratos, os óculos passivos podem ser produzidos em cores e estilos diversos, com maior possibilidade de agradar aos usuários.
Mas alguns especialistas continuam dizendo que os óculos do tipo ativo são mais eficientes em termos de luminosidade e resolução, o que é fundamental para obter-se o efeito de imersão tridimensional; a tecnologia FPR teria apenas a vantagem do custo e do conforto. Em dezembro passado, a empresa Vizio lançou no mercado americano um TV LCD 3D de 65", o primeiro que utilizava óculos passivo. As vendas foram excelentes, chamando a atenção da indústria como um todo.
O mais curioso é que a Vizio posicionou seu aparelho na faixa dos US$ 3.500, ou seja, como top de linha. Por sua vez, a LG, ao colocar no mercado sua linha de TVs Cinema 3D, de tecnologia FPR, em abril, posicionou-os como "modelos de entrada", ao mesmo tempo em que oferecia aparelhos com óculos ativos a preços mais altos. "Achamos que os LCDs passivos oferecem uma experiência mais próxima da que se tem no cinema", explicou James Fishler, vice-presidente de marketing da empresa coreana. "Mas vamos manter os ativos em linha, porque são mais badalados e, sem dúvida, trazem uma experiência diferente".
Enquanto a Toshiba anuncia estratégia semelhante (TVs com óculos ativos custarão mais caro), a Samsung adotou uma terceira via: seus próximos TVs 3D usam óculos polarizados passivos, como os FPR, mas contêm no painel processadores ativos, que segundo o fabricante preservam os níveis de brilh e resolução da imagem. Paul Gagnon, diretor da empresa de pesquisas DisplaySearch, especializada no mercado de displays, apelidou esses aparelhos de "active retarders", alegando que utilizam um segundo painel LCD para ativar a polarização. "Parece o melhor dos dois mundos, mas sem a mesma resolução", diz Gagnon.
O maior problema da tecnologia FPR, diz ele, é cortar a resolução da imagem pela metade. "O padrão híbrido da Samsung talvez até seja considerado de alta performance, mas com certeza haverá muita polêmica". Por ora, tanto Samsung quanto Sony continuam apostando oficialmente na tecnologia ativa - executivos da empresa coreana já afirmaram ter conseguido convencer seus colegas da concorrente japonesa a pelo menos "analisar" a possibilidade de adotar o padrão FPR híbrido.
Na realidade, tudo se resume à questão dos custos de produção. Guido Voltolina, diretor da Xpand, empresa que fornece óculos do tipo ativo para vários fabricantes, acha irônico que a LG esteja apostando tanto no formato passivo, que não funciona com TVs de plasma - sendo ela um dos principais fabricantes de plasma atualmente. "Por ter alta velocidade de processamento da imagem, o plasma já é, por natureza, compatível com óculos ativos, e sem custo adicional", diz Voltolina. "É sempre importante analisar o impacto na imagem 2D, pois é dessa forma que está gravada a maior parte dos conteúdos disponíveis. E, nesse ponto, os TVs ativos são infinitamente mais eficientes".
(c) TWICE

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