A primeira televisão com tecnologia OLED do mundo é da LG. Lançamento
que carrega o complexo codinome de 55EA9800, é um aparelho que chama
atenção desde o primeiro contato. Convidado a testar o aparelho inédito
no país, o TechTudo ficou algumas horas com a “Curved OLED TV” (é assim
que a companhia prefere chamá-la). É preciso esclarecer, em primeiro
lugar: esta não é uma televisão para quem busca o melhor
custo-benefício. Por R$ 40 mil a unidade, a LG tem exata noção do
público que pretende atingir, pois as mesmas 55 polegadas podem ser
encontradas por até um quarto do preço no varejo comum, removidas as
vantagens do OLED. Abaixo segue o veredito sobre a TV curvada.
A
LG 55EA9800 tem formato curvo e fica suspensa sobre um pé de acrílico
transparente, que dá um aspecto leve ao conjunto (Foto: TechTudo/Renato
Bazan)
Design
Apesar de suas 55 polegadas, a primeira TV OLED curvada do mundo, é
mais fina que um celular, com apenas 4,7 mm de espessura. Sua tela
flutua sobre um pé de acrílico transparente elegante e tem o corpo
construído com fibra de carbono - deixando com apenas 17,2 quilos. A
marca mais forte, no entanto, é sua curvatura côncava, possível apenas
por causa do uso dos diodos orgânicos. Não é uma TV que se vê todo dia.
TV com tela curva impressiona pelo design com partes transparentes e acabamento em fibra de carbono (Foto: Divulgação/LG)
Hardware
Com resolução Full HD (1080p) e 3D passivo, a OLED conta com quatro
conexões HDMI 1.4 na parte de trás do aparelho, acabamento em fibra de
carbono, taxa de quadros de até 240 Hz. Essas são características
básicas de uma TV high-end e, a esse preço, são itens que não
impressionam. Numa inspeção mais a fundo, no entanto, alguns aditivos
ganham destaque.
As
duas caixas de som do aparelho são transparentes, mas as aparências
enganam - em conjunto, chegam à potência de 40W, e com pouco ruído
(Foto: TechTudo/Renato Bazan)
As caixas de som estéreo transparentes, embutidas no pedestal de
acrílico, atingem até 40W de potência, com pouco ruído mesmo em volumes
altíssimos. Para o uso das funções de Smart TV, a LG inclui no seu
modelo curvado dois processadores paralelos e 5 GB de memória interna,
expansíveis por meio de três entradas USB.
Com
3 portas USB, conexão bluetooth, 4 canais HDMI e tantas outras
entradas, a OLED curva pode ser a central multimídia da casa (Foto:
TechTudo/Renato Bazan)
Na parte de conectividade, não só a 55EA9800 apresenta uma antena Wi-Fi
embutida, ela também traz componente para conexões por NFC, uma porta
para cabo de rede e vem num kit com uma câmera HD desenhada para uso do
Skype. Fora isso, ela apresenta todos os sabores de conexões em seu
painel traseiro, oferecendo 4 entradas HDMI, 3 USBs - duas para
armazenamento e comunicação, outra exclusiva para gravações de programas
de TV -, 2 pontos para cabos coaxiais e até mesmo uma saída para fone
de ouvido. AV e cabo componente, apesar de presentes, requerem
adaptadores.
Junto da TV, a LG inclui quatro acessórios: a já mencionada webcam, um
controle remoto Smart Magic, dois óculos 3D passivos com design assinado
por Alain Mikli e dois pares de lentes 3D clip-on, para quem já usa
óculos.
O
novo controle Smart Magic, por estiloso que seja, tem pegada
desajeitada, mas a TV aceita modelos antigos (Foto: TechTudo/Renato
Bazan)
O controle remoto Smart Magic, apesar do novo formato, reproduz as
mesmas funções de gerações anteriores, e não necessariamente da maneira
mais ergonômica possível - o usuário precisará mudar a posição da mão
com bastante frequência para pressionar as teclas enquanto move o braço
pelo ar, já que a pegada deixa os dedos na porção inferior do controle. A
boa notícia é que, já que ele usa a mesma tecnologia bluebooth de
outras gerações, donos de Smart TVs da LG poderão usar controles antigos
na 55EA9800 sem problemas. Poderão, aliás, usar quaisquer teclados e
mouses bluetooth que desejarem, desde que compatíveis com os protocolos
mais atuais. Já os óculos são leves e confortáveis, e durante o teste
apresentaram pouquíssima interferência entre as lentes.
Tudo posto, o elemento de diferenciação ainda é o uso do OLED. Existe
uma mudança técnica inquestionável entre as tecnologias LCD/Plasma
atuais e o uso de LED orgânicos, e esta se dá justamente na fonte da
luminosidade: enquanto as TVs atuais precisam gerar a cor, a luz e o
ajuste de brilho entre três camadas diferentes de circuitos, mantendo
toda a imagem iluminada a todo momento, o OLED faz isso em cada pixel
internamente. O resultado é um novo esquema de cores que pode ligar ou
desligar cada pixel e, por isso, pode eliminar 100% da luz na cor preta -
em outros termos, cria contraste infinito.
LED orgânicos da OLED conseguem entregar um contraste infinito (Foto: TechTudo/Rodrigo Bastos)
De fato, o TechTudo desligou o televisor diversas vezes durante a
demonstração e descobriu que o tom de preto usado nas imagens é
exatamente o mesmo de quando a TV está desligada. Ao longo do tempo,
isso aumentará muito a vida útil da tela.
No lado ruim, o principal incômodo é o material usado para proteger a
tela de OLED, que se revelou altamente reflexivo. Isso é agravado pela
combinação do formato da TV, que rebate a luz para dentro, e do
contraste estelar, que elimina qualquer emissão desnecessária. Juntos,
eles fazem com que o usuário enxergue sua imagem distorcida em qualquer
cena mais escura. A ausência de um sub-woofer, a esse preço, é
injustificável, e desconstrói a experiência cinematográfica da tela. O
próprio gasto energético assusta, a 270W, tanto quanto uma TV de plasma
de tela maior. Existe ainda a polêmica em torno da necessidade de uma
tela curva, mas é preciso esclarecer: o ângulo de projeção do OLED é
praticamente 180º, sem perda alguma.
Software
Essas Smart TVs atuais são computadores, realmente. A 55EA9800 não é
diferente de todos os aparelhos de ponta da LG: vem com a vasta
biblioteca de aplicativos da empresa, que fazem de tudo um pouco.
Conectada à Internet, a TV oferece sua loja de apps para o usuário,
variando entre jogos de sucesso do sistema Android, guias de canais,
serviços de notícias, browsers, programas de comunicação via web etc.
Oferece até mesmo serviços de distribuição de conteúdo em vídeo, como
Netflix e YouTube, para quem não estiver a fim de assinar TV a cabo.
Tudo funciona de forma fluida devido ao processador dual-core embutido, à
exceção de pequenos engasgos pontuais. Para os entusiastas da terceira
dimensão, a TV oferece um software que transforma imagens 2D em 3D,
mesmo no sinal de TV comum, com moderado sucesso. Só peca ao não fazer
multi-tasking, mas isso é uma constante entre aparelhos atuais.
Junto disso, a televisão oferece os recursos da suite TimeMachine II,
que dá ao usuário a opção de gravar um canal por tempo indeterminado,
desde que haja espaço em disco para isso. A LG foi esperta o suficiente
para dedicar uma porta USB traseira exclusiva para esta função: ao
detectar um HD externo nela, a TV faz uma formatação própria do sistema
TimeMachine e consome todo o espaço oferecido com novas gravações.
Infelizmente, por possíveis complicações legais, a LG construiu esse
recurso de forma a impedir que o usuário transfira os arquivos para
qualquer outro lugar.